Pontão - Pontão - 28 anos de ocupação da Fazenda Anonni comemorados com lembranças e homenagens
Pontão - 28 anos de ocupação da Fazenda Anonni comemorados com lembranças e homenagens
Data de publicação: 1 de novembro de 2013
Hora: 10:20h
No dia 29 de outubro de 1985 mais de 1.500 famílias vindas de todo o Estado e de outros estados ocuparam a Fazenda Anonni, na época pertencente ao município de Sarandi, numa das maiores mobilizações da história do Brasil, chamando a atenção da imprensa de todo o mundo que para cá enviou correspondentes. Depois de conflitos, mortes e brigas judiciais, a fazenda foi desapropriada e lá foram assentadas mais de 400 famílias; as outras foram colocadas em outros assentamentos.
A passagem dos 28 anos da ocupação foi comemorada no dia 29, terça-feira, com a participação de cerca de três mil pessoas vindas de todos os assentamentos para onde as famílias foram assentadas depois de deixarem a Anonni. Um dia marcado de lembranças e saudades marcou o 29 de outubro; algumas pessoas não se encontravam a mais de 20 anos e reviveram a ocupação com encenações, pronunciamentos e apresentações. Os conflitos com a polícia foram revividos bem como a entrada na fazenda com um grupo de agricultores encenando a chegada com um caminhão e escondidos embaixo da lona e após montando rapidamente as barracas. Alguns líderes do acampamento em 1985 foram lembrados. Outros ainda estão na Anonni e espalhados em outras regiões do Brasil.
Marcos Tiaraju, primeira criança nascida na Fazenda Anonni em 1987, foi homenageado e ao se pronunciar lembrou-se de sua mãe, Roseli, morta em Sarandi numa manifestação do MST. Marcos lembrou a frase que marcou a vida de sua mãe: “prefiro morrer lutando do que ver meus filhos e companheiros passando fome”.
“Somos filhos e filhas de uma história de lutas” eram os dizeres de uma das faixas carregada por um grupo de crianças e jovens nascidos em assentamentos da Reforma Agrária, alguns deles vindo de Santa Catarina. As primeiras lavouras formadas no assentamento foram relembradas com a entrada de tratores lavrando a terra onde as encenações eram feitas.
O ato contou também com a presença de prefeitos da região, entre eles o prefeito de Sarandi Paulo Kasper, de Pontão Nelson Gracelli, de Ronda Alta Miguel Gasparetto, secretários estaduais, vice-prefeitos, lideranças religiosas, políticas e líderes estaduais e nacionais do MST, deputados estaduais e federais. No seu pronunciamento, o governador Tarso Genro lembrou os conflitos entre membros do MST e a Brigada Militar recordando um desses conflitos ocorrido em Porto Alegre quando o soldado foi morto por um membro do MST. Tarso disse que na época o movimento foi “bombardeado pela mídia” e que com o passar do tempo mostrou os seus objetivos que eram a luta pela terra para plantar. O governador destacou que “a segunda batalha é a qualidade daquilo que é produzido”.
Irene Lill, ao iniciar as homenagens a pessoas e entidades disse: “estamos comemorando a ocupação da Anonni. Estamos festejando a luta. E esta luta consolidou o MST no Rio Grande do Sul”. Os homenageados foram o padre Arnildo, frei Sérgio, o advogado Jacques Alfonsin, José Siqueira, “Zecão” e o deputado Adão Preto (in memoriam), a Irmã Carminha, Jose Leal, Dom Orlando Doti, Dom Urbano Algayer e Dom Jacó Hilgenfritzen, que receberam como homenagem a contribuição à luta do MST, segundo os organizadores do ato no dia 29 de outubro, um quadro com uma foto do primeiro acampamento na ocupação da Fazenda Anonni. (José Leal/Folha da Produção).
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